segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

OSCAR: Um amor com os pés no chão

Longa francês indicadoa cinco estatuetas é um soco de realidade com um romance de fazer chorar
Se na partitura pausa também é música, no cinema silêncio é trilha sonora. E, nesse quesito, “Amor”, indicado a cinco Oscars -- entre eles Melhor Filme, Diretor e Melhor Filme Estrangeiro --, deveria ter sido indicado também na categoria.
Produção francesa do austríaco Michael Haneke (“A Fita branca”, “Violência Gratuita”), o longa tem como foco a vida de um casal de idosos. Certo dia, a mulher sofre um derrame e fica com um lado do corpo paralisado. Eles, então, precisam passar por graves obstáculos que colocam o seu relacionamento em teste.
Fica mais fácil imaginar a trama de “Amor” se compará-lo ao romance água com açúcar “Diário de Uma Paixão”. Tire todas as declarações e reencontros românticos de perder o fôlego e o que sobra? Uma doença devastadora e a luta de um marido dedicado e amoroso. Pronto, esse é o longa de Haneke.
O diretor é conhecido por filmes duros e realistas, o que, mesmo tentando muito, não conseguiu manter neste longa. “Amor” é sim uma história com tons reais, mas está repleta de sentimento. Logo no início do filme, quando o espectador se encontra olhando o público de um teatro a encará-lo, Haneke antecipa suas intenções. É como se quem assiste fosse visto pelos atores, provando que a história pode ser de qualquer um. Esta, aliás, também é uma das poucas cenas onde há música, já que a história é contada pelo silêncio.
Vazio. Com duas horas de duração, o filme acontece lento entre as quatro paredes do confortável apartamento de Anne e George, reforçando, nesse cenário reduzido, a relação dos dois. Planos com cômodos sem vida, mas bem decorados, ressaltam a solidão do casal, que se basta. Uma pomba que entra pela janela diversas vezes, como faria em prédios abandonados, reforça o vazio.
Contudo, o filme é uma história de amor arrebatadora, de luta pela dignidade de quem se ama, de aceitação e comprometimento. O espectador, que sabe desde o início o desfecho do longa, recebe o final como um golpe no estômago e ainda assim sorri. E Haneke atinge seu objetivo: a reflexão.
“Amor” tem grandes chances como Melhor Filme Estrangeiro e, por isso, provavelmente não receberá a estatueta de Melhor Filme. Ainda assim, o longa é uma boa aposta para os prêmios de Melhor Diretor e um merecido Melhor Atriz para Emmanuelle Riva.
Ficha Amor (original Amour)
França, 2012
Diretor: Michael Haneke
Indicações: 5 Oscars
Avaliação: Excelente
Chances de receber a estátua de Melhor Filme Estrangeiro, Diretor e Atriz

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